O problema da centralização dos frigoríficos

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O incentivo ao crescimento da economia regional tem sido um dos grandes fatores responsáveis pelo desenvolvimento de muitos países por todo o mundo. Este tipo de ação é sempre praticado observando todos os aspectos econômicos de uma região, contemplando todos os segmentos locais sem que haja o favorecimento de um determinado setor em detrimento de outro. Estar atento a este tipo de oportunidade e promover o crescimento do potencial econômico de um povo, aproveitando o potencial regional, é dever incontestável do poder público e de todos aqueles que prezam pelo desenvolvimento social.
A região conhecida como Extremo Sul e o Baixo Sul Baiano somada ao extremo norte do Espírito Santo e o extremo nordeste de Minas Gerais, contempla um rebanho bovino que totaliza 6.000.000 (seis milhões) de cabeça de gado, das quais, apenas no extremo sul da Bahia (vinte e um municípios) encontram-se aproximadamente 2.000.000 (dois milhões) de cabeças. Embora estes números apresentem uma estatística extremamente positiva para uma região que atinge um raio de 300 Km (trezentos Quilômetros), esta região conta com o reduzido número de 03 (três) frigoríficos para atender toda a sua demanda.
O grande problema desta região é justamente a insuficiência de frigoríficos para o atendimento de suas necessidades e, como este número reduzido é incapaz de atender a demanda, a grande maioria dos produtores tem que enviar os animais para serem abatidos em outras regiões, principalmente em regiões metropolitanas, onde há uma concentração de frigoríficos, mesmo não possuindo estas regiões uma produção condizente com o abate.
Não podemos jamais entender que os frigoríficos disponíveis nas regiões metropolitanas representem uma solução adequada para a necessidade de nossa agropecuária, a centralização dos frigoríficos nestas regiões tem sido a grande responsável por grandes prejuízos a todos, até mesmo para os consumidores que moram nas regiões de abate. Devemos ser cautelosos em observar todos os fatores que envolvem esta temática, e assim todos concluiremos facilmente que o poder público, os produtores e a iniciativa privada devem se unir na busca de soluções apropriadas a este problema.
Quando um produtor rural envia seu gado para o abate em um região distante ele passa a fazer parte de uma cadeia de logística inadequada a sua produção e aos bons resultados almejadas. Primeiro porque estando os frigoríficos concentrados em locais muito distantes, os animais são conduzidos por centenas de quilômetros através de um processo de transporte que dura diversas horas, o que fatalmente choca com as determinações legais como a portaria do Ministério da Agricultura que estabelece que o gado não deve ser transportado por um tempo superior a cinco horas. Também devemos acrescentar que o manejo inadequado além de causar estresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente a qualidade da carne em fatores como cor, pH, consistência e tempo de prateleira, além de reduzir significativamente o rendimento de carcaça, devido à incidência de hematomas e contusões.
Já apresentamos inicialmente os prejuízos quanto a qualidade trazidos pela não distribuição de frigoríficos nas regiões produtoras, mas também não poderíamos deixar de citar os prejuízos econômicos causados por esta situação. Inicialmente podemos falar no custo desnecessário com o transporte, para tanto podemos salientar que, quando transportado vivo, o gado ocupa uma proporção de 20 (vinte) cabeças por caminhão, uma vez abatido e devidamente condicionado para viagem, um caminhão com sistema apropriado de transporte, pode levar o equivalente a 80 (oitenta) cabeças de gabo, gerando uma redução considerável nos custos de transporte que fatalmente será percebida no preço final do produto, onde quer que este seja consumido e, também gerando um maior desenvolvimento na região onde foi produzido. A todo este benefício deve-se lembrar primeiramente que o abatimento na mesma região onde é produzido irá garantir uma melhor qualidade ao produto final, garantindo sempre economia e saúde ao mercado consumidor.
O próprio ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, afirmou recentemente que, o Brasil se tornará o maior produtor mundial de carne e, na mesma oportunidade o próprio ministro valorizou ações que contribuem com estes fatores, como a queda do custo de produção dentre outros. Se estamos alcançando estes números tão positivos junto ao mercado internacional, é mais do que nossa obrigação reestruturar de forma adequada os nossos meios de produção e logística.
Por estas razões, entidades de classe, donos de estabelecimentos comerciais, pecuaristas, prefeitos de cidades vizinhas e diversos interessados solicitam que seja tomadas providências para a implantação no sul da Bahia de unidades de frigoríficos capazes de atender a demanda regional e desta forma fomentar o desenvolvimento econômico de nossa região. Sabemos que no Brasil, o Ministério da Agricultura é responsável pelo fomento de ações que garantam o bem-estar animal, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo e gostaríamos do apoio deste mesmo Ministério nesta questão específica.




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